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EFEITOS DA PRECE

(Cidade de Metz - Espírito familiar - Revista Espírita de 1861).             

     A prece é uma aspiração sublime, à qual Deus concedeu um poder tão mágico que os Espíritos a reclamam constantemente. Orvalho suave, que é como um refrigério para o pobre exilado na Terra e uma ativação frutífera para a alma em prova. A prece age diretamente sobre o Espírito a quem é dirigida; ela não transforma seus espinhos em rosas, mas modifica sua vida de sofrimentos (nada podendo sobre a vontade imutável de Deus) imprimindo-lhe esse impulso de vontade que levante a sua coragem, ao dar-lhe força para lutar contra as provas e as dominar. Por esse meio é abreviado o caminho que conduz a Deus e, como efeito maravilhoso, nada pode ser comparado à prece.

     Aquele que blasfema contra a prece não passa de Espírito inferior, de tal modo terreno e atrasado que nem mesmo compreende que deve apegar-se a essa tábua de salvação para se salvar.

     Orar é uma palavra descida do céu, é a gota de orvalho no cálice de uma flor, é o sustentáculo do caniço durante a tempestade, é a tábua do pobre náufrago na tempestade, é o abrigo do mendigo e do órfão, é o berço para a criança dormir. Emanação divina, é a prece que nos liga a Deus pela linguagem, que volta para nós; orar-lhe é amá-lo; suplicar-lhe por um irmão é um ato de amor dos mais meritórios. A prece que vem do coração é a chave dos tesouros da graça; é o ecônomo que dispensa benefícios em nome da misericórdia infinita. A alma, elevada para Deus por um desses impulsos sublimes da prece, desprendida de seu invólucro grosseiro, parece apresentar-se cheia de confiança perante Ele, certa de obter o que pede com humildade. Orai! Orai! fazei um reservatório de vossas santas aspirações, que será aberto no dia da justiça. Preparai o celeiro da abundância,  tão precioso durante a carência; escondei o tesouro de vossas preces até o dia escolhido por Deus para distribuir o rico depósito. Acumulai para vós e para os vossos irmãos, o que diminuirá as vossas angústias e vos fará transpor mais rapidamente o espaço que vos separa de Deus. Refleti em vossa miserável natureza, contai vossas decepções, vossos perigos, sondai o abismo profundo aonde vos podem arrastar as paixões, olhai em torno de vós os que caem, e sentireis a necessidade imperiosa de recorrer à prece: é a âncora de salvação que impedirá o esfacelamento do vosso navio, tão sacudido pelas tormentas do mundo.

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