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A ORIGEM EGÍPCIA DE MOISÉS

Autor: José Medrado - jornal "A Aliança"

     Ainda que pese um propósito denegridor e deliberado das igrejas reformadas em afiançarem que nós, os espíritas, não seguimos o Evangelho, tal não é verdade, visto que o Novo Testamento é o nosso roteiro seguro, no entendimento das verdades Crísticas. Somos, em verdade, isto sim, investigadores contumazes de tudo, tendo em vista o objetivo racional da nossa fé.

     Sabemos, indisfarçavelmente, que ao longo dos séculos, os homens, com a sua conveniência, saíram modificando textos e conceitos religiosos, ora para agradar um soberano, ora para servir aos interesses dogmáticos desta ou daquela religião, ora, também, é claro, por falta de palavras que bem traduzissem de uma língua para outra os escritos antigos, sem falar, naturalmente, dos extravios de manuscritos e livros feitos à mão. Razão pela qual precisamos considerar tudo isso em nossos estudos e formulação de entendimentos.

     Vejamos, por exemplo, a história de Moisés, esteio da religião judaica e ponto de referência dos companheiros protestantes, onde, segundo o professor de História, J. H. Breasted (em History of Egipt), considerada obra padrão no gênero, afirma que Moisés não foi judeu e, sim, egípcio. Naturalmente tal assertiva nasce de uma longa pesquisa, do seu próprio nome: Ele é simplesmente a palavra egípcia mose, que significa criança, e constitui uma abreviação da forma mais completa de nomes, tais como Amen-mose, significando Amosn-uma-criança. A abreviação "criança", cedo se tornou uma forma breve e conveniente para designar o complicado nome completo, e o nome Mós ou Més (Mose), criança, é comum aos monumentos egípcios.

     As pesquisas não ficam, apenas, em origem de palavras, mas vão em busca do inaudito, a ponto de o escritor afirmar, ao lado do pesquisador Weigall, que Moisés era total e absolutamente egípcio, inclusive a sua religião era a criada por Amenófis, mais tarde Akhenaton, que impingiu ao Egito o culto do deus único, Aton ou Aten. A religião de Aten não se tornara popular, provavelmente permanecera restrita a um círculo estreito em torno da pessoa do rei. O fim de Akhenaton permanece envolto em obscuridade. A religião de Aten foi abolida. A cidade real de Akhenaton foi destruída e saqueada e a memória dele, o rei, proscrita como a de um criminoso. Aí é que entra o paralelo de que Moisés viveu a essa época e que ele foi seguidor e discípulo de Amenófis, saindo do Egito em função das perseguições instauradas aos seguidores de deus único, Aten, levando, como "seu povo", a gente oprimida e, escravizada dos hebreus, pois precisava de um lugar e de um povo para implantar o seu monoteísmo egípcio.

     É certo que History of Egipt faz um levantamento extraordinariamente grande das similitudes entre a religião judaica e a de Akhenaton, propondo-nos um forte convencimento de pesquisa histórica.

     Não podemos, assim, desconsiderar que, de fato, fé inabalável é aquela que pode encarar a Ciência face a face, em qualquer época da Humanidade, e se manter ali, firme e forte, ou melhor robustecida e convalidada.

     Cabe, outrossim, a lembrança de que precisamos crer por estudo, por pesquisa, não por ouvir falar, pois os homens estão cheios de idiossincrasias e conveniências, moldando sempre a busca da verdade com os seus "Achismos".

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