EÇA DE QUEIROZ             

      Eça de Queirós e sua esposa - foto internet

 

A PAZ AO MUNDO!  EMPECILHO

FINAL DE ANO

ÁGUAS AQUERONTE

EÇA E SEU MÉDIUM

O BEM E O MAL

AME SUA PROFISSÃO

ALÉM-TÚMULO

O SORRISO

BOAS-FESTAS?

EÇA RESPONDE

ORGULHO

BONS CONSELHOS

IMORTALIDADE

 

        

 

O SABER

(Mensagem do Espírito Eça de Queirós - Obra: Do País da Luz - Médium: Fernando Lacerda).

 

           Seguir o Cristo é procurar romper a densidão das trevas, como Ele fez; é amar como Ele amou; é perdoar como Ele perdoou; é edificar como Ele edificou.

          Pois se fazer como Ele fez é que é segui-lo, que importa o que os outros façam a quem o queira seguir?                                          

          Ele foi tentado; Ele foi escarnecido; Ele foi injuriado; Ele foi apodado; Ele foi açoitado; Ele foi crucificado!

          E que fez Ele para tão tormentosa vida, e tão ultrajoso fim?

          Amou e ensinou a amar; perdoou e ensinou a perdoar; justiçou, e ensinou a fazer justiça. E como amou, como perdoou e como foi justiçoso?

          Derramando, das suas palavras e das suas ações, nos corações de todos, o Amor, o Perdão e a Justiça; alumiando-lhes a razão, acendendo-lhes nos cérebros o facho da ideia redentora, de onde irradiava, irradia e irradiará a luz da liberdade, da caridade e da igualdade.

          Amando Ele foi odiado; perdoando, Ele foi condenado; fazendo justiça, Ele foi injustamente justiçado;

          Assim fizeram os homens a quem ele trazia a luz; mas nem por lho fazerem, essa luz se apagou; e quanto mais o tempo vai afastando de nós o ponto onde ela apareceu, maior vai sendo o raio da sua irradiação, mais claridade vai espalhando por sobre o Universo.

     Sendo a sua luz a maior que tem vindo ao Mundo, ao Mundo todo não logrou alumiar logo; e, muito apesar de tantos anos decorridos, ainda há olhos que a não veem, corações que lhe desconhecem o calor.

     Assim não é caso para espanto que não leves a luz a todos.

     Uma alma, porém, de que consigas afastar as trevas, é uma alma que conquistas; é mais uma luz que acendes.    

     Fazer luz num cérebro, é fazer uma grande obra, de que se não antevê, sequer, o alcance.

     Um cérebro é um mundo; e fazer luz nele é fazer brotar um sol nesse mundo.

     Iluminar um cérebro e iluminar um mundo, é exercer um dos atributos de Deus; e só exercem esses atributos aqueles em quem Ele delega.

     Ora, levar a fé a alguém, é fazer mais do que levar-lhe a luz; é levar-lhe a luz ao cérebro, a força à vida e o calor ao coração.

     O homem sabedor sem fé, é como uma lâmpada rica sem azeite. Tem aparato, mas não alumia.

     Engana; e porque engana é mau, e porque é mau é inútil. De que serve o saber quando não conduz a um fim bom e útil?

     É como os ricos frutos dos híbridos: - não se reproduzem por sementeira.

     Podem, aparentemente, ser mais belos do que os frutos vulgares, mas a sua beleza fenece com eles próprios; não vai além da curta vida que a natureza lhes emprestou.

     Conheces uma espécie de insetos, que no escuro da noite projetam rápidos clarõezinhos de luz? Esses insetos são frios, a sua luz não alumia nem aquece, e a origem dessa luz inútil dura só enquanto dura a vida do mesquinho vivente em que ela reside. Pois os sábios sem fé, quando não fazem mal, são como esses insetos.

     O saber, quando é saber, é o depositário do poder de Deus na Terra.

     Ensina, esclarece, ilumina, aconselha, edifica, enriquece, encaminha, inventa, conforta e domina. O saber conduz o homem ao seu verdadeiro lugar na escala animal; o saber recebe, conserva, conduz e espalha, todo o produto que o homem tem conseguido e consegue arrancar à Natureza e a si próprio - que é tudo quanto Deus tem permitido que ele ajunte e possua.

     E haverá saber sem saber?

     Há.

     O saber sem saber é como um cego que conduz uma luz.

     Não aproveita da sua claridade, nem dela pode saber fazer uso em proveito alheio.

     O saber sem saber é como um avaro que possua o tesouro de um Creso.

     Como a luz não alumiará o caminho ao cego, porque ele não verá o caminho, o tesouro para nada servirá ao avaro, porque não saberá fazer uso dele.

     Muitos tesouros Deus dá ao homem de que ele se não sabe aproveitar.

     Ao preguiçoso dá tempo de que se não utiliza, e de que desconhece o valor; ao mau, dá coração de que não sente o afeto, nem compreende os ditames bons; ao inteligente dá, na inteligência, cabedal de que nem sempre sabe tirar proveito; ao tolo dá cérebro de que não tira siso; e a todos dá exemplos de que não sabem colher exemplo.

     Podia ser o saber o sumo bem humano, e por mal humano sói ser o saber o seu pior mal.

     Já os livros sacros proclamaram esta verdade, quando na árvore da Sabedoria colocaram a Perdição.

     E queriam dizer que o saber perde?

     Não. O saber encaminha, não desencaminha; guia, não desvia; forma, não destrói; conquista, não desbarata.

     O saber é a perfeição, e só a perfeição pode conduzir; é o bem, e só ao bem pode encaminhar; é a luz e só a luz pode destruir as trevas.

     Mas como há água que em vez de matar a sede mata a vida; remédio que em vez de dar saúde conduz à moléstia; luz que em vez de alumiar a vista, a cega; assim há saber que em vez de ensinar desensina; em vem de levar ao conhecer acompanha a ignorância.

     E porque é assim?

     Não parece isso a realização de um impossível e, portanto, um impossível também?

     Não.

     Assim como Deus dá ao homem o dia para velar e a noite para dormir, e há homens que velam de noite e dormem de dia, mudando as coisas da natureza, assim o saber, que é atributo dos homens, para uns constitui ignorância, o que faz que para outros a ignorância seja saber.

     Ora assim é, pois, que entre aqueles daí que se presumiram de saber, muitos há que presumiram logo serem o próprio saber; e como mais de que o próprio saber nada se pode saber, eles julgaram que nenhum saber havia fora deles.

     Nesse julgamento se creem ofendidos por quem venha um dia com proposições novas; e não admitem que alguma coisa, aparentemente nova, venha chocar o trono em que a si próprios entronizaram. É esse o mau saber, porque não é saber. A esses a contumácia cega; a vaidade obceca; o orgulho desvaira; e podendo ser guias no deserto da vida, antes são obstáculos que impedem o caminhar dos outros homens, e exemplo que desnorteia e perde.

     Do seu saber, destila, como de certas árvores do Brasil, suco que parece deliciar, mas que envenena.

     São como outras árvores, que, semelhando com a sombra darem frescura, dão a morte.

     Igualam-se a licores e a beberagens que dando não sonhadas delícias conduzem à permanente toldação do cérebro; ao progressivo enervamento do corpo, ao triste embrutecimento do espírito.

     Um cérebro onde o falso saber assenta pouso é uma retorta a destilar venenos; é um covil de onde salteiam víboras.

INÍCIO

MELHOR  VAI  AO  IGNORANTE  ESTAR  PURO  DO  FALSO  SABER,  QUE  AO  FALSO  SABEDOR  QUE  SE  PRESUME  LIVRE  DA  IGNORÂNCIA

                                                                                                                                                    IDEIAS