Castelo onde Montaigne nasceu e morreu.

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Michel Eyquem de Montaigne, escritor francês - 1533/1592. Frequentou a Corte. Sua obra principal denominou-se Ensaios. Para Montaigne a Arte de Viver "funda-se numa sabedoria prudente, inspirada no bom senso e no espírito de tolerância".

 

O ESPIRITISMO NO FUTURO

 

(Mensagem do Espírito Montaigne - Revista Espírita de 1868).       

 

     Cada dia o Espiritismo estende o círculo de seu ensino moralizador. Sua grande voz repercutiu de um extremo ao outro da Terra. A sociedade se comoveu com ela e de seu seio partiram adeptos e adversários.

 

     Adeptos fervorosos, adversários hábeis, mas cuja mesma habilidade e renome serviram à causa que queriam combater, chamando para a doutrina nova a atenção das massas e lhes dando o desejo de conhecer os ensinos regeneradores, que seu adeptos preconizam e que os faziam escarnecer e pôr em ridículo.

 

     Contemplai o trabalho realizado e alegrai-vos com o resultado! Mas que efervescência indizível se produzirá entre os povos, quando de seus mais amados escritores vierem juntar-se aos nomes mais obscuros e menos conhecidos dos que se comprimem em redor da bandeira da verdade!

 

     Vede o que produziram os trabalhos de alguns grupos isolados, na maioria entravados pela intriga e pela má vontade e julgai da revolução que se operará, quando todos os membros da grande família espírita se derem as mãos e declararem, fronte alta e o coração firma, a sinceridade de sua fé e de sua crença na realidade do ensinamento dos Espíritos.

 

     As massas gostam do progresso, buscam-no, mas o temem. O desconhecido inspira um secreto terror aos filhos ignorantes de uma sociedade embalada pelos conceitos, que ensaia os primeiros passos na via da realidade e do progresso moral. As grandes palavras liberdade, progresso, amor, caridade ferem o povo sem o comover; muitas vezes ele prefere seu estado presente e medíocre a um futuro melhor, mas desconhecido.

 

     A razão desse temor do futuro está na ignorância do sentimento moral num grande número, e do sentimento inteligente em outros. Mas não é certo, como disseram vários filósofos célebres, que uma concepção falsa da origem das coisas tenha feito errar, como eu mesmo o disse, - porque coraria de o dizer? não pude enganar-me? - não é certo, digo eu, que a humanidade seja má por essência. Não; aperfeiçoando a sua inteligência, ela não dará um impulso maior às suas más qualidades. Afastai de vós esses pensamentos desesperadores que repousam num falso conhecimento do espírito humano.

 

     A humanidade não é má por natureza; mas é ignorante e, por isso mesmo, mais apta a se deixar governar por suas paixões. É progressiva e deve progredir para atingir os seus destinos; esclarecei-a; mostrai-lhe seus inimigos ocultos na sombra; desenvolvei sua essência moral, nela inata, e apenas entorpecida sob a influência dos maus instintos e reanimareis a centelha da eterna verdade, da eterna presciência do infinito, do belo e do bom, que reside para sempre no coração do homem, mesmo o mais perverso.

 

     Filhos de uma doutrina nova, reuni as vossas forças; que o sopro divino e o socorro dos bons Espíritos vos sustentem, e fareis grandes coisas. Tereis a glória de haver posto as bases dos princípios imperecíveis, cujos frutos vossos descendentes recolherão.   

 

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