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JESUS: CORPO CARNAL

(Autor: Allan Kardec - Obra: A Gênese). 

       Se Jesus, durante sua vida, tivesse estado nas condições de um ser fluídico, não teria conhecido a dor, nem as necessidades do corpo. Supor que assim tenha sido, seria roubar-lhe todo o mérito de uma vida de privações e sofrimentos, pela qual se decidira para exemplo de resignação. Se tudo nele não passasse de mera aparência, todos os atos de sua vida - o anúncio reiterado de sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras, sua prece a Deus para que afastasse de seus lábios aquele cálice, sua Paixão, sua agonia, tudo, até sua derradeira exclamação no momento de entregar seu Espírito, não teria sido senão um vão simulacro para enganar quanto à sua natureza e fazer crer no sacrifício ilusório de sua vida; uma comédia que seria indigna de um simples homem honesto, e, com mais forte razão, de um ser tão elevado. Numa palavra, ele teria abusado da boa-fé  de seus contemporâneos e da posteridade. Tais são as consequências lógicas deste sistema, consequências não admissíveis, pois seria rebaixá-lo moralmente, em lugar de elevá-lo.

     Jesus, portanto, teve, como todos nós, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é comprovado pelos fenômenos materiais e os fenômenos psíquicos que assinalaram Sua vida.

     Tal ideia sobre a natureza do corpo de Jesus não é nova. No século IV, Apolinário, de Laodiceia, chefe da seita dos Apolinaristas, sustentava que Jesus não havia tomado um corpo como o nosso, mas um corpo impassível, que descera do céu no seio da Santa Virgem e não nascera dela. Que, assim Jesus não nascera, não sofrera e não morrera senão na aparência. Os apolinaristas foram excomungados no Concílio de Alexandria, em 360; no de Roma, em 374 e no de Constantinopla, em 381.

     Os Docetas (do grego dokein, parecer), seita numerosa dos Gnósticos, que subsistiu durante os três primeiros séculos, tinham a mesma crença.

O  MAL  SEMPRE  HÁ  DE  GERAR  O  MAL  PARA  CASTIGO  DOS  MAUS.

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Enterro de Jesus - Ticiano