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OCUPAÇÃO DOS ESPÍRITOS

 

(Mensagem do Espírito Marcillac - Revista Espírita de 1861)

 

      A ocupação dos Espíritos de segunda ordem consiste em se prepararem para as provas que terão de passar, por meditações sobre suas vidas passadas e por observações sobre os destinos humanos, seus vícios, suas virtudes, e o que os pode aperfeiçoar ou levar a falir. Os que, como eu, têm a felicidade de ter uma missão, dela se ocupam com tanto zelo e amor, quanto o progresso das almas que lhes são confiadas lhes é contado como mérito. Assim, esforçam-se por lhes sugerir bons pensamentos, ajudar os seus bons impulsos, afastar os Espíritos maus, opondo sua suave influência às influências nocivas. Essa ocupação interessante, sobretudo quando se é bastante feliz para dirigir um médium e ter comunicações diretas, não desvia o cuidado e o dever de aperfeiçoar-se.

    

     Não creia que o tédio possa atingir um ser que não vive senão pelo espírito e cujas faculdades todas tendem para um objetivo, que sabe afastado, mas certo. O tédio não resulta senão do vazio da alma e da esterilidade do pensamento. O tempo, tão pesado para vós, que o medis por vossos temores pueris ou as vossas frívolas esperanças, não faz sentir sua marcha aos que não estão sujeitos nem às agitações da alma, nem às necessidades do corpo. Ela passa ainda mais depressa para os Espíritos puros e superiores, que Deus encarrega da execução de suas ordens e que percorrem as esferas num voo rápido.

    

     Quanto aos Espíritos inferiores, sobretudo os que têm pesadas faltas a expiar, o tempo se mede por seus pesares, seus remorsos e seus sofrimentos. Os mais perversos dentre eles procuram subtrair-se fazendo o mal, isto é, sugerindo-o. Então experimentam essa áspera e fugidia satisfação do doente que coça a sua ferida e que não faz senão aumentar a sua dor. Assim, seus sofrimentos aumentam de tal modo que acabam fatalmente por lhes ministrar o remédio, que não é senão a volta ao bem.

    

     Os pobres Espíritos, que não foram culpados senão pela fraqueza ou pela ignorância sofrem a sua inabilidade, o seu isolamento. Lamentam o seu envoltório terreno, seja qual for a dor que lhes tenha causado; revoltam-se e se desesperam até o momento em que percebem que só a resignação e uma vontade firme de voltar ao bem podem aliviá-los. Acalmam-se e compreendem que Deus não abandona nenhum de suas criaturas.

 

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