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SERIEDADE NAS REUNIÕES ESPÍRITAS

  (Comunicação do Espírito Moki - Revista Espírita de 1861)

     Como já tendes provas, a atitude séria dos membros de um grupo choca os estranhos que assistem às sessões com a intenção de as pôr em ridículo. Ela lhes muda a vontade de troçar em respeito involuntário, e do respeito ao estudo sério, consequentemente à fé, a transição é insensível. Aliás, aqueles que não saem convencidos destas reuniões, delas levam, ao menos, uma impressão favorável; e se não se ligam a vós imediatamente, pelo menos se destacam de vossos encarniçados adversários. Eis uma primeira razão que vos deve persuadir a serdes sérios e recolhidos. Que quereis, com efeito, que pensem os que saem de uma reunião onde os assuntos mais dignos de respeito são tratados com leviandade e inconsequência? Posto que os Espíritas que assim procedem estejam longe de ser mal intencionados, não são menos prejudiciais, não ao futuro, mas ao rápido desenvolvimento da doutrina. Se jamais só se tivessem realizado sérias e conduzidas de maneira conveniente, ela estaria ainda muito mais adiantada, posto já o esteja bastante. Agir assim não é agir como verdadeiros Espíritas, nem no interesse da doutrina, porque os adversários disso se aproveitam para metê-la a ridículo. É, pois, um dever dos que compreendem a sua importância não prestar apoio a reuniões desta natureza.

     Não é apenas à doutrina que prejudicam: é, também, a si próprios. Porque, se toda boa ação traz consigo a recompensa, toda ação leviana deixa atrás de si uma impressão desagradável, por vezes seguida de uma punição física, cuja menor consequência pode ser a suspensão da mediunidade ou, pelo menos, a impossibilidade de comunicar-se com bons Espíritos.

     É preciso ser sério, não apenas com os Espíritos benevolentes e esclarecidos, que vêm dar sábias instruções, e que o vosso pouco recolhimento afastaria, mas, ainda, com os Espíritos sofredores ou maus, que vêm, uns vos pedir consolações, outros vos mistificar. Direi mesmo que é sobretudo com estes últimos que é preciso gravidade, posto que temperada de benevolência. É o melhor meio de lhes impor e os manter à distância, obrigando-os ao respeito. Se descerdes até a familiaridade com os que vos são inferiores, do ponto de vista moral e intelectual, não tardareis a dar entrada à sua influência perversa, que se traduz, a princípio, por mistificações e, mais tarde, por cruéis e tenazes obsessões.

     Ficai, pois, em guarda. Variai vossa linguagem conforme a dos Espíritos que se comunicam em vossos grupos, mas que a seriedade e a benevolência jamais sejam excluídas. Não repilais os que se vos apresentam sob aparências imperfeitas. Talvez preferireis sempre comunicações sábias, sobre as quais não vos seja necessário exercer o vosso sentimento e o vosso julgamento para lhes conhecer o valor, mas pensai que o julgamento só se desenvolve pelo exercício. Todas as comunicações têm sua utilidade para aquele que delas sabe tirar partido; uma mistificação reconhecida e provada pode agir com mais eficácia sobre as vossas almas, fazendo-vos perceber melhor os pontos a reforçar, do que instruções que vos contentaríeis em as admirar sem as pôr em prática. Trabalhai com coragem e sinceridade, e o Espírito do Senhor estará convosco.                                       

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